Você acredita em pesquisas eleitorais antecipadas?

Fonte imagem: Google

A antecipação das intenções de voto no Brasil virou um bom negócio
para institutos de pesquisa. Além da credibilidade eles não correm riscos, pois
não são responsabilizados quando erram e nem são proibidos de exercer suas
atividades quando manipulam dados a serviço de candidatos ou partidos. Os
“erros” acabam caindo no esquecimento e a cada novo pleito eles são convidados a prestar o desserviço que ao longo dos anos lhes garantem verbas portentosas. Tratamos aqui das exceções, pois as empresas sérias são maioria.

A experiência tem mostrado que os institutos estão errando mais do
que acertando nos últimos anos. Fosse o Brasil um país de legisladores céleres
e justiça imparcial, as pesquisas antecipadas já teriam sido proibidas para
divulgação, pois confundem e não deixam de ser propaganda eleitoral
extemporânea. Pesquisas são encomendadas e como mercadoria podem ser
manipuladas de acordo com a demanda do freguês.

Especialista afirma que manipulação de resultados acontece

Ex-proprietário de instituto de pesquisa conhecido que pediu
anonimato, nos explica como elas funcionam: “As pesquisas quantitativas, que normalmente são as mais divulgadas pela mídia – ela também contratada com a mesma intenção – ocorrem por estratificação social, geográfica, faixa etária, por nível de renda, instrução, gênero e outros pré-requisitos que possibilitam extrair de quem é entrevistado, a tendência do voto em vários extratos da sociedade”, afirma o especialista.

Porém, há meios fáceis de manipular tais pesquisas de modo a
atender aos interesses de quem a contratou. Para o caso de prefeito em
município como BH, é possível apontar com margem de acerto de 95%, quais são as intenções de votos de uma população com 1.927.460 (números de 2016 do TRE-MG), pesquisando as intenções de votos de apenas 700 pessoas. Se a pesquisa for feita com responsabilidade, ética e metodologia científica, os resultados são confiáveis e certeiros.

O especialista acha que as pesquisas não deveriam ser autorizadas
para publicização externa, mas apenas para o público interno dos candidatos:
“Neste caso elas servem para medir resultados e orientar o trabalho dos
profissionais de marketing contratados por partidos ou mesmo candidatos”. Ele mostra como funciona o esquema: “Em uma pesquisa encomendada, ao invés de entrevistar 700 pessoas que seria o suficiente, eu entrevisto 3.000 e dessas, valido apenas as respostas daquelas que interessa a quem me contratou, descartando as outras”, relata.

Não há meios de controlar a pesquisa na ponta e nem a pré-seleção
dos questionários que irão respaldar o resultado que serve de validação da
pesquisa junto ao TRE. O ex-diretor acredita que tais resultados acabam
influenciando o eleitorado e servindo de propaganda antecipada. Acredita que a legislação eleitoral é frouxa para pesquisas e muito rígida para outras
questões que têm menos importância como a divulgação antecipada de planos de governo de pré-candidatos.

Recentemente o Instituto Paraná Pesquisa deu como certa a vitória
do atual prefeito de BH em um pleito eleitoral com vantagem significativa e
números questionáveis. Não é a primeira vez que este mesmo instituto aponta
vitória antecipada que não se confirmou em MG. Há quem diga que os resultados de pesquisas em Minas Gerais nasciam na mesa de Irma de ex-governador que apenas contratava o Instituto para validar seus números em pesquisas forjadas.

Experiências de erros na antecipação de resultados

No pleito para o governo de MG de 2018 a vitória de Antonio
Anastasia (PSDB-MG) era dada como certa. Porém, o resultado foi uma vitória
expressiva do candidato do Partido Novo, Romeu Zema. Na mesma ocasião o Paraná Instituto apontava Dilma Rousseff (PT-MG) para o Senado, com direito a comemoração antecipada, mas o que de fato ocorreu foi uma derrota acachapante, que deixou a candidata e seu grupo político, envergonhados.

Isso mostra que as pesquisas nem sempre são embasadas em
metodologia científica e nem tampouco na ética que se espera de quem as
realiza. Uma pesquisa de intenções de votos hoje em BH custa em média R$100 mil e o resultado pode ser encomendado de acordo com o gosto do cliente, segundo a fonte que já comandou importante instituto de pesquisa e conhece os métodos.

Portanto, se você é daquelas pessoas que confia em resultados de
pesquisas eleitorais, cuidado para não se deixar enganar. Resultado de eleição
deveria ser surpresa e não exercício de futurologia ou esquema para influenciar eleitores incautos que se deixam enganar por gente mal-intencionada.

Por: José Aparecido Ribeiro é Jornalista, licenciado em Filosofia e
Presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – Seção Minas
Gerais – *Abrajet-MG* – DRT-MG 17.076/12

e-mail: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

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gazetalivrebh@gmail.com

Postado: 31/07/2020

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