Nova Lima: a decadência do velho coronel Vitor Penido

Após décadas ditando as regras na política em Nova Lima, o prefeito Vitor Penido de Barros, chamado popularmente de Coronel, encerra sua longa carreira política de modo melancólico, traído por parentes e aliados e com sua gestão questionada pela população.

Vitor Penido (DEM) Prefeito de Nova Lima

As eleições deste ano de 2020 trouxeram surpresas que abalaram a estrutura de poder do Prefeito, Vitor Penido (DEM). Vítor foi Prefeito durante 6 mandatos, Deputado Federal por duas vezes, Deputado Estadual, e durante estes longos anos acostumou-se a usar o poder a seu bel prazer, ditando regras e decidindo os destinos da cidade, sem se dar ao trabalho de consultar as lideranças políticas, ou mesmo a população de Nova Lima.

O jeito característico de governar lhe rendeu o famoso apelido de “Coronel” e o tornou temido pelos adversários. Nunca se importou de utilizar a máquina pública em retaliações contra desafetos ou até mesmo populares que o desafiaram.

Mas, o longo tempo no exercício do poder gerou desgastes, os velhos métodos de gestão não funcionam mais, a idade avançada chegou e como sempre se cercou de bajuladores, interesseiros e aproveitadores, perdeu o contato com a realidade, tomando decisões desastrosas que minaram sua autoridade na cidade.

Sempre autoritário, Vitor decidiu indicar como sucessor o seu pupilo Wesley, político com alto índice de rejeição, mas que era seu fiel escudeiro na Câmara, onde foi eleito como o Vereador mais bem votado da história de Nova Lima. Na Câmara, Wesley esqueceu-se que foi eleito pelo povo e atuava como um jagunço do Coronel, sempre acumulando inimigos…

Despido da autoridade que sempre teve, Vitor viu seu filho problema o trair e indicar a candidatura do Vice, João Marcelo, que o Prefeito considerava inapto para o cargo devido a sua completa falta de experiência para a função.

Pior, dois Deputados que fizeram parte de seu grupo por uma década, e que se tornaram desafetos quando tiveram seus interesses contrariados, também tomaram o caminho da afronta, assim João Vitor Xavier (CIDADANIA) e Fred Costa (PATRIOTA), dois parlamentares da velhíssima política, se uniram ao grupo do filho problema.

Com todos estes ingredientes ficou pronto o coquetel tóxico que provocou o desmoronamento da autoridade da velha raposa, que ainda estava sentado na cadeira de Prefeito, dava murros na mesa e exigindo respeito, mas não era mais ouvido por ninguém.

Para piorar viu na eleição a fragorosa derrota de seu pupilo e a vitória dos que traíram seu comando, mas que irão se perpetuar no poder na figura do Vice, que pretendem usar como um mero laranja.

Não bastasse o seu triste ocaso na política, o velho coronel sai de cena como condenado da justiça, em última instância, por fraude em licitação, condenação que divide com o seu filho problema, Vitor Vinícius Sarti Barros.

Suas gestões ficaram marcadas na história da cidade, não por alguns inegáveis sucessos, mas pelo excesso de amizade com Construtores, empresas de ônibus e mineradoras.

Também ficarão na lembrança o excesso de gastos com comissionados, as decisões arbitrárias, o autoritarismo, e o espírito belicoso do velho coronel, que nunca admitiu ser contrariado e que termina sua vida política traído pelos mais próximos.

Considerado por si mesmo o melhor gestor do mundo, acredita que equilibrou as finanças da Prefeitura de Nova Lima, as custas dos concursados públicos. Porém, em contradição, aumentou absurdamente o número dos comissionados.

Traições marcam o fim da carreira política do Rei Leão

Dos 7 candidatos a Prefeito de Nova Lima em 2020, 3 foram ligados ao PT, tradicionais adversários, 3 eram ligados ao atual Prefeito pois trabalharam na sua atual equipe de governo e um, Sérgio Americano Mendes, veio como uma opção de renovação.

Dois candidatos, Wesley e João Marcelo, eram apoiados pelo dividido grupo político do Prefeito, tendo sido eleito o candidato da ala que Vitor considera como traidores de seu legado.

Revoltado com as traições, Vitor pateticamente se pôs a percorrer as ruas da cidade em um veículo de som, pedindo votos para seu pupilo Wesley, diante do deboche da população que assistia incrédula e de camarote, ao ocaso do velho Leão.

Não satisfeito, balbuciou num vídeo, algumas acusações de traição e queixas contra seu vice, demonstrando na internet o que todos já sabiam: ninguém ouve mais o Coronel.

Triste fim.

Juliana Fidêncio

juliana@ceger.com.br

Postado: 16/11/2020

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